Som Nosso de Cada Dia

24/01/2009 at 17:55 (Matérias) ()

Uma das melhores e mais importantes bandas do Rock nacional está de volta!!

Tendo lançado um dos maiores clássicos do Rock setentista nacional – o LP “Snegs” (1974) – a banda foi fundada em São Paulo, no ano de 1971, pelos seguintes músicos:

Manito: espanhol de nascimento, é um legítimo multi-instrumentista (piano, órgão, moog, flauta, sax e violino) e já famoso pelo seu importante papel com o grupo “Os Incríveis.  No decorrer da sua carreira tocou com muitos nomes de peso, tais como Os Mutantes, Rita Lee e Camisa de Vênus na área do Rock e Roberto Carlos e Zé Ramalho na área da MPB

Pedro Baldanza: mais conhecido como PEDRÃO, o baixista e vocalista gaúcho já havia sido membro das históricas  bandas “Novos Baianos” e “Perfume Azul do Sol”, além de ter convivido e atuado com Walter Franco e Cassiano. Após o fim da banda em 1977, trabalhou com importantes nomes da MPB, tais como Ney Matogrosso, Elis Regina, Gal Costa e Sá & Guarabira

Pedrinho Batera: Um dos mais brilhantes bateristas do Rock Nacional,  trabalhou também com Luiz Melodia e Belchior, além de diversos grupos de Jazz. Infelizmente, faleceu precocemente em meados dos anos 90.

A Obra-Prima

Apesar de sua curta discografia (apenas 2 LPs e um compacto, ambos de estúdio nos anos 70 e, posteriormente, um CD ao vivo em 1994 e um CD duplo também ao vivo com registros inéditos dos anos 70), os músicos acima podem se orgulhar de terem lançado um dos mais brilhantes, criativos e empolgantes discos de Rock da América do Sul.

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Som Nosso de Cada Dia – Snegs

Todas as músicas do álbum SNEGS são excelentes, mas “Sinal da Paranóia”, “Bicho do Mato”, “Massavilha” e “Dirección de Aquarius” merecem ser citadas com maior destaque.

Considerado por muitos como o mais fantástico disco de Rock Progressivo nacional, é um item absolutamente obrigatório na coleção de qualquer fã do gênero.

Gravado e mixado em 1973 em apenas 7 dias e com grande precariedade de equipamentos de estúdio, é uma das maios perfeitas demonstrações de que o realmente importa na gravação de um disco é o TALENTO.

Outra grande façanha do Som Nosso de Cada Dia foi a realização dos 5 shows de abertura da turnê de Alice Cooper no Brasil em julho de 1974.

Com Alice no auge de sua carreira, o público presente foi sempre excelente (um total superior a 130.000 pessoas), o nosso representante brazuca obteve incrível sucesso, tendo suas apresentações mais queridas e lembradas até mesmo que o próprio astro principal.

A Vida Após “Snegs” e “Alice Cooper”

Por diversas razões, mesmo com o sucesso anterior, várias mudanças de formação ocorreram (Manito saiu e vários outros foram entrando e saindo) e somente três anos depois lançaram novo disco. Infleizmente, a época já era outra e o movimento “Disco Music” assolava o mundo. Foram então obrigados a gravar músicas que se adequassem a nova realidade. Mesmo assim, tiveram uma grande idéia, que possibilitou a inclusão de  músicas do estilo Progressivo sem afetar a qualidade do álbum e sem incomodar aos fãs de estilos tão diversos.

Era lançado então o álbum “Som Nosso”, onde o Lado 1 recebeu o nome de “Sábado” e o Lado 2 de “Domingo”. O “Sábado” com sonoridade Funk, apropriada para “Os Embalos de Sábado a Noite” e o “Domingo” com músicas belamente Progressivas, perfeitas para o relaxamento e sossego de um “domingão”.

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Som Nosso de Cada Dia – Som Nosso

A idéia foi brilhante e o disco razoavelmente bem sucedido, mas, por diversas razões, a banda acabou se desfazendo. Como último suspiro,  lançaram apenas mais um compacto, mas este teve a grata realização de o título de uma de suas músicas ter inspirado o nome de uma nova banda: a BANDA BLACK-RIO, famosa e histórica  banda carioca de Funk instrumental.

P.S.: Importantíssimo ressaltar que este tipo de Funk setentista NADA, absolutamente NADA tem a ver com o “funk” existente hoje no Brasil…

Em junho de 1993 o trio original se reúne para gravar uma faixa inédita (“O Guarani”), editada como bônus no relançamento em CD do “Snegs”. Em 94 reuniram-se para 2 novos shows, que resultaram no CD “Live 94”.

As perspectivas eram excelentes, pois ambos os CDs (editados pela gravadora “Progressive Rock Worldwide”) foram bem recebidos e a imediata e positiva conseqüência foi um convite para apresentações no Japão, em um Festival de Rock Progressivo.

O destino, porém, foi cruel, com o imprevisível falecimento de Pedrinho Batera…

Nova dissolução ocorreu e desta vez parecia ser definitiva…

O Retorno em Grande Estilo

Esta surpreendente e fantástica reunião se deu pelas seguintes razões:

Por volta de 2004, surgiu no mercado fonográfico “alternativo”, um CD “Bootleg” contendo a gravação de um show realizado em setembro de 1976. O sucesso foi total, tanto entre os antigos fãs quanto entre os da nova geração, que se surpreenderam com a excepcional qualidade técnica que a banda mostrava ao vivo.

Decide-se que é chegada a hora de editar um disco ao vivo oficial: o resultado é o fantástico “A Procura da Essência – (Ao Vivo 1975-1976)”, lançado pela gravadora carioca Editio Princeps (www.editioprinceps.com).

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Som Nosso de Cada Dia – A Procura da Essência

Este CD duplo traz, pela primeira vez, gravações ao vivo do Som Nosso de Cada Dia em seu período mais progressivo, durante os anos 70, cuidadosamente selecionadas pelos próprios músicos dentre as fitas de melhor qualidade sonora remanescentes. Além de diversas improvisações e versões estendidas de antigos clássicos, estes registros incluem versões inéditas de faixas da lendária suíte “Amazônia”, gravada pela banda em 1975 e nunca lançada integralmente.

Aproveitando as três décadas de lançamento do “Snegs” e o CD duplo ao vivo, Pedro Baldanza montou uma banda-tributo para gravar um CD chamado “O Som Nosso de Cada Dia a Dia”, mas, apesar de várias músicas terem sido gravadas, o projeto foi arquivado e não há previsão de seu lançamento.

No entanto, o conjunto dos fatores acima proporcionou uma reaproximação com Manito e em 24/04/2008 aconteceu o que a muitos parecia que jamais ocorreria novamente…

Dentro da extensa programação do extraordinário evento paulistano “Virada Cultural”, estava agendada a apresentação do SOM NOSSO DE CADA DIA para tocar o “Snegs” na íntegra!!

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Som Nosso de Cada Dia no Show da Virada Cultural

Foto: Ludmila Santos

Dessa forma, mesmo estando programado para o lamentável horário das 3 da madrugada, da concorrência dos MUTANTES estarem se apresentando ao ar livre no mesmo horário e das pessoas terem de permanecer horas na fila (seria no Teatro Municipal, onde havia uma limitação de lugares em torno de 1.500 pessoas), a lotação foi TOTAL.

A formação dos músicos incluiu Manito (teclados, sax, flauta) e Pedro Baldanza (baixo e vocais), brilhantemente auxiliados por Marcelo Schevano (guitarra e flauta), Edson Guilardi (o mesmo baterista que tocou com o Terreno Baldio) e Fernando Cardoso (atual tecladista do Violeta de Outono, toca também na bandas Homem com Asas e Compacta Triô). Complementaram a seleção, os excelentes vocalistas Thiago Furlan e Jorge Canti.

Então, com todos os fatores acima e aliado ao fato de estar sendo no belíssimo espaço que é o Teatro Municipal, o show foi absolutamente emocionante e inesquecível.

A emoção da platéia foi intensa e indescritível, com a realização de um “sonho impossível”, tanto por parte da “Velha Guarda” quanto dos inúmeros jovens e apaixonados fãs. Todas as músicas foram enormemente celebradas, mas preciosidades como “Sinal da Paranóia” e “Bicho do Mato”, criaram um longo e extraordinário uníssono.

Agora, na sua nova apresentação, no Carnaval de 2009, no FESTIVAL PSICODÁLIA, em meio a exuberante natureza da região de São Martinho (SC), não resta dúvida que as mesmas emoções se repetirão.

INFORMAÇÕES www.psicodalia.mus.br
http://whiplash.net/materias/shows/070458-casadasmaquinas.html

Cláudio Fonzi

5 Comentários

  1. Adilson said,

    Creio que não há comentário inteligente que possa ser feito ante um fato tão grandioso como esse. Resta uma questão: quando será lançado um cd com o registro dessa maravilha?
    Onde estão os cd´s dos álbuns originais?

  2. sr. do vale said,

    A noite estava realmente boa, o Municipal estava lotado, e algumas horas antes do show do Som Nosso, teve também em um belo palco na praça da República, O Terço, Terreno Baldio (um show que me arrepiou) e Casa das Máquinas.

    Esse foi sem dúvida um grande evendo de Sampa.

  3. Claudio Arantes said,

    Parabéns ao grande amigo Fonzi!
    Realmente fantástica essa banda!

  4. Avídio Rimes said,

    Conheci o Som Nosso em uma apresentação na Tenda Do Calvário. Indescritível. Grande banda, não deve nada a qualquer banda de progressivo. Thanks Som NNosso de cCada dDia
    PS: A propósito, é necessário alguém resgatar a curta, porém importantíssima aventura da Tenda do Calvário. Precisamos escrever e cultivar a memório do rock brasileiro…..

  5. Howlin Jay said,

    Caro Avídio, tive o prazer de curtir os shows na Tenda do Calvário nos anos 70, aonde inclusive rodei com todo mundo que estava lá. Lembra desse episódio quando a polícia baixou lá e levou todo mundo em cana? Acompanho o Som Nosso desde 1974; assisti a praticamente todos os shows deles aqui em Sampa e no Maracanãzinho onde eles literalmente “roubaram” o show do Alice Cooper. O Som Nosso nos anos 70 eram insuperáveis, o Manito era uma espécie de Jan Hammer (tecladista da Mahavshinu) e era uma unanimidade aqui em São Paulo. Prova disso é que seu disco SNEGS é um clássico do rock progressivo e cultuado até hoje. Eu sempre afirmo: O Manito deveria estar HOJE fazendo altos sons. Ele é um virtuose e deveria estar fazendo altos projetos, só preciza de um empurrão. Não deveria fazer concessões e sim ousar, porque potencial ele tem muito.

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