Festival Psicodália 2010

14/12/2009 at 22:42 (Matérias) ()

DATA: 30/12 a 03/01 de 2010
LOCAL: Fazenda Evaristo – Rio Negrinho (SC)
INFORMAÇÕES: http://www.psicodalia.mus.br/

Em 1969, aconteceu o mais famoso Festival de Rock de todos os tempos.

Com o nome de Festival de Woostock, foi um evento que marcou profundamente o comportamento daquela geração e ainda hoje influencia as que se seguiram.

Em tempos de comemoração de seu aniversário de 40 anos, vários lançamentos ocorreram, tais como filmes, livros, DVDs e CDs, além de inúmeros documentários e reportagens.

Nada mais natural então que eventos semelhantes fossem organizados e isto aconteceu por todo o mundo, notadamente na Europa, EUA e no nosso querido Brasil.

O que pouquíssimos sabem, porém, é que o Brasil possui um Festival muito semelhante já há quase 10 anos – o FESTIVAL PSICODÁLIA.

Idealizado apenas como uma grande reunião de amigos e suas respectivas bandas de Rock, o pontapé inicial aconteceu em 2001, ironicamente a quase 1000 km de distância de onde eles próprios residiam. De Curitiba partiram para realizar o Angrastock, em Angra dos Reis (RJ) e que contou com 150 participantes. De lá pra cá muitas coisas aconteceram e vários eventos se realizaram em diversas cidades até se estabilizar no estado de Santa Catarina, onde estão desde 2006, com uma média de 2.500 pagantes.

Entre as bandas que lá já se apresentaram, a grande maioria foi da Região Sul, mas também de SP, RJ, MG e até dos distantes estados de Alagoas e Sergipe. Já contaram também com 5 lendas vivas do Rock Nacional: Sergio Dias, Made in Brazil, Patrulha do Espaço, Casa das Máquinas e Som Nosso de Cada Dia.

Na comemoração da sua décimo edição, porém, serão mais grandiosos e históricos do que nunca, pois o elenco presente está simplesmente extraordinário, tanto em termos de ícones do Rock nacional setentista quanto dos novos expoentes.

A atração principal será OS MUTANTES, de idade mais antiga ainda que Wodstock e a banda mais criativa e internacionalmente famosa surgida nesse país.

A despeito de não contar mais com a presença de 2 de seus fundadores, os astros Rita Lee e Arnaldo Baptista, OS MUTANTES obtiveram enorme sucesso em todos os inúmeros locais onde se apresentaram, desde seu renascimento em 2006 (ainda com Arnaldo, que permaneceu até 2008) até hoje.

Inclusive, acabaram de retornar de magnífica turnê de 30 shows nos EUA e Canadá. Com sucesso total de crítica e público, a turnê passou pelas maiores cidades desses países, tais como New York, Los Angeles, San Francisco, Chicago, Detroit, Philadelphia, Boston, e Washington nos EUA e Montreal, Toronto e Vancouver no Canadá.

A apresentação no Festival Psicodália será a primeira no Brasil após essa turnê. Além do
clássico repertório dos 60 e 70, apresentarão músicas do seu novíssimo CD “Haih or Amortecedor”, primeiro lançamento de inéditas desde 1976.

Grandemente aclamado pela crítica internacional, este CD já foi lançado na América do Norte, Europa e Ásia mas, lamentavelmente, no Brasil ainda não.

As outras bandas de destaque são:

TERRENO BALDIO: Uma das maiores lendas do Progressivo brasileiro e sul-americano, lançou 2 excelentes discos nos anos 70. Retornou recentemente às atividades e, entre seus músicos está o genial Mozart Mello, amplamente reconhecido como um dos maiores guitarristas do nosso país

BLINDAGEM: A banda paranaense de Rock que mais destaque nacional obteve, já tem 32 anos de carreira. Dois de seus membros (Ivo Rodrigues e Paulo Teixeira, vocais e guitarra, respectivamente) se integraram a ela depois de terem participado da excelente banda A CHAVE (que, infelizmente, não gravou na época e nunca se tornou conhecida).

PATA DE ELEFANTE: Banda gaúcha formada em janeiro de 2002, já participou de alguns dos mais importantes festivais nacionais de música independente, tais como Goiânia Noise Festival (2004, 2006 e 2007), Abril Pro Rock (Recife, 2008) e o próprio Psicodália (São Martinho 2009). Atingiram projeção nacional definitiva ao vencerem o Video Music Brasil (VMB) 2009 na categoria Instrumental.

As outras bandas confirmadas são:
MG: Zé Trindade
PR: Plá, Gato Preto, Sopa, Sopro Difuso, O Sebbo, O Conto, Cadillac Dinossauros, Trem Fantasma, Mesa Girante, Mescalha e Maxixe Machine,
SC: Trupe Sonora Casa de Orates
SE: Plástico Lunar
SP: Massahara, Soul Barbeccue, Baratas Organolóides, Cosmo Drah e Poucas Trancas
RS: Bandinha Di-dá-dó e Electric Trip

Repletas de influências dos anos 60 e 70, todas as bandas acima caracterizam-se pela excelente qualidade de suas composições. Todas as músicas apresentadas são de autoria própria, a maior de todas as exigências da organização do Festival.

Segundo seus organizadores, “O Movimento Psicodália é uma iniciativa que visa, além de integrar o público, descobrir novos talentos. Acreditamos que o incentivo à produção de música própria, numa época em que a indústria comercial domina o Mercado, seja de grande importância. Então, nos shows as bandas executam somente suas composições próprias, sem qualquer música ‘cover’.

O objetivo deste regulamento é incentivar as bandas a produzirem músicas próprias, fomentando o desenvolvimento do talento músico-teatral dos músicos e aproximando o público da essência das bandas. O Movimento Psicodália acredita que existem muitos artistas produzindo material de qualidade mas este trabalho não chega ao público pelo fato deles serem independentes”.

Então, por todo esse belo panorama, o Festival já mereceria toda a atenção, mas, além disso, a partir dele surgiu um fenômeno ainda mais admirável e intrigante, chamado MOVIMENTO PSICODÁLIA.

Certamente ainda é cedo para se determinar uma relevância histórica e sociológica, mas, indiscutivelmente, já deveria chamar a atenção dos estudiosos.
Fortemente baseado nos ideais do Movimento Flower Power sessentista, o Movimento Psicodálico possui um grau de integração artística, liberdade de pensamento, preocupação ecológica, fraternidade comportamental e desprendimento financeiro, absolutamente impensáveis de se encontrar no mundo atual.

Além disso, possui como fundamental característica, a valorização da verdadeira ARTE MUSICAL, criada com Amor e Inspiração, sem se ater a simples modismos ou puras A$pirações Financeira$.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

De modo geral, a organização e estrutura do Festival sempre foram plenamente satisfatórias. Lugares de grande beleza natural, extremo cuidado com a preservação ambiental, cordial e eficiente atendimento, palcos e equipamentos de som e luz de boa qualidade, grande extensão dos locais de camping, boa quantidade de chuveiros e sanitários, boa variedade de opções de alimentação e de bebidas, preços cobrados bastante razoáveis e, o mais difícil de se ver em Festivais de Música, uma grande variedade de opções de lazer não-musical, mas plenamente artístico, cultural e gratuito.

É a perfeita demonstracão como ARTE, PAZ e DIVERSÃO podem caminhar juntas. Sua realização é um exemplo de dedicação e também uma mostra de como existem talentos musicais pelo Brasil, aguardando apenas uma oportunidade de mostrar seu trabalho.
Resta apenas a pergunta que não quer calar:
Até QUANDO será que a Imprensa dita “especializada” e as emissoras de radio e TV permanecerão CEGAS e SURDAS para isso???

Claudio Fonzi

Link permanente 1 Comentário

Lumina – Música Fractária

05/02/2009 at 00:41 (Release)

Fractais (do latim fractus, fração, quebrado) são figuras da geometria não-Euclidiana. Um fractal é um objeto geométrico que pode ser dividido em partes, cada uma das quais semelhante ao objeto original. O fractal abrange uma área finita dentro de um perímetro infinito. O conceito dos fractais pode ser usado para se conceber o universo musical do trio Lumina.
O Lumina é um trio instrumental de free-jazz/fusion que foi originalmente formado como um duo de guitarra e bateria num encontro “just for fun”. Entusiasmados com a incrível liga e a total sintonia, o guitarrista e compositor Johny Murata e o baterista Fabio Fernandes decidiram entrar em estúdio. O objetivo era apenas registrar a música que fluía em completo improviso, mas em apenas duas sessões de gravação – sem nenhum ensaio, edições e overdubs. Os artistas já sentiam que “o CD estava pronto”, mas mesmo assim buscaram um parceiro que desse continuidade à química sonora de estilo tão particular. Depois de várias tentativas, a vaga ficou com ninguém menos que o baixista Sizão Machado, famoso pelo seu trabalho junto a Elis Regina, Chico Buarque, Djavan, Milton Nascimento, Ivan Lins, Chet Baker, entre outros. Não menos entusiasmado, para Sizão o Lumina significava uma rara oportunidade de poder brilhar num trabalho de perfil tão autoral.
Depois de gravadas as “impossíveis” e “brilhantes” linhas de baixo, o que mais faltava ao Lumina? Mostrar ao público seu efeito “free-style”, onde uma inesperada estrutura orgânica vai pouco a pouco se delineando, suplantando o primeiro impacto de colagem de fragmentos ao sabor do improviso. Por este motivo eles escolheram os “fractais” como símbolo principal do Lumina.

Os Músicos

lumina_fabio-fernandesFábio Fernandes é um talentoso baterista em atividade desde o início dos anos 70. Ele já tocou e gravou com importantes músicos brasileiros como Rogério Duprat e Hermeto Pascoal. Também já participou de vários grandes festivais como a “II Bienal Internacional da Música” e o “IX Festival de Inverno de Campos do Jordão”. Atualmente ele também toca na Banda do Sol, legendário grupo de rock progressivo dos anos 80.

 

lumina_sizao-machadoSizão Machado é uma lenda do contrabaixo. Conhecido e respeitado em todo mundo, ele já tocou e gravou com Elis Regina, Djavan, Chico Buarque, Milton Nascimento, Ivan Lins, Chet Baker, Herbie Memm, Jim Hall, Randy Brecker, Flora Purim, Airto Moreira entre muitos outros artistas consagrados. Participou dos maiores festivais de música ao redor do mundo, sempre impressionando por sua técnica, ritmo e harmonias rearranjadas da guitarra para o baixo. Um artista de estilo único.

 

lumina_johny-murata1

Johny Murata é um exímio guitarrista especialista nos estilos acústicos e sintetizados. Também é compositor, arranjador, produtor e engenheiro. Ele também toca Sítar Indiana e atua com bastante freqüência no cenário da world music. Sua personalidade musical é caracterizada pelas diversas habilidades, apoiada por uma forte visão harmônica e improvisações livres.

 

 

O primeiro CD – Project

Project é o título dado às experimentações livres feitas pelo Lumina em estúdio e que acabou se tornando o primeiro CD do trio.
Composto por oito faixas – Crystal Tower, Siberia, Sahara, Thar, Lonely, Karakum, Atacama e Genesis – Project é sustentado pelo conceito Nada Brahma (Vedas – Índia), teoria da metafísica que considera o universo como uma manifestação sonora do Verbo primordial “OM”. Paralelamente, Project também é baseado na “Música Pura” do compositor alemão Johannes Brahms.
Fora dos padrões convencionais do jazz, mas também nem tão estruturado para o fusion, Project tem sido elogiado por toda crítica especializada e garantiu destaque ao Lumina nas revistas Cover Guitarra, Cover Baixo, Batera e Percussão, revista Blues ’n’ Jazz, sites Clube de Jazz e ProgShine.

Shows e imprensa:
Eliton Tomasi – Som do Darma
(15) 3211-1621 / 9134-3443
eliton@somdodarma.com.br / www.somdodarma.com.br

Link permanente 1 Comentário

Homenagem aos que já se foram

26/01/2009 at 12:31 (Obituário) (, , )

Infelizmente, devido às limitações da resistência física humana, muitos dos nosso heróis Progressivos já não mais estão entre nós.
Em uma trágica, mas realista projeção, em 10 anos, pouquíssimos representantes da fase áurea do Progressivo mundial (67-77) estarão em atividade.
Devemos então, ao máximo que for possível, divulgar e adquirir as obras-primas que eles criaram, não somente para nosso próprio deleite, como também para faciltar a sua perpetuação e uma digna sobrevivência dos seus descendentes.
Este espaço, será sempre dedicado a homenagear os que se foram, com pequenas biografias e discografias selecionadas.

Richard Wright

Nascido na Inglaterra em 28/07/1943 e falecido em 15/09/2008, foi um dos mais brilhantes e discretos músicos do cenário Progressivo. Tecladista, vocalista, compositor e um dos fundadores da banda PINK FLOYD, sempre permaneceu à sombra dos líderes Roger Waters (também um dos fundadores)  e David Gilmour, mesmo tendo sido fundamental na elaboração e execução da maior parte dos clássicos da banda entre 1968 e 1977.

rickwright
Os timbres, arranjos e “climas” proporcionados pelos seus teclados eram sempre de muito bom gosto, perfeitamente encaixados nas composições e com belíssimas melodias. Igualmente belíssimas foram suas composições e sua marcante e suave voz.

Muito há para se destacar, mas, podem ser consideradas de maior relevância, as composições abaixo:

– Summer 68: Lançada no album “Atom Heart Mother”, logo tornou-se muito conhecida no Brasil por ser a trilha sonora de um comercial televisivo do “Banco Nacional”, transmitido em horário nobre, logo após o Jornal Nacional.

– Us and Then: Composta em conjunto com R.Waters, é, para muitos a mais bela composição do clássico album “Dark Side of the Moon”.

– The Great Gig in the Sky: Outra memorável composição de “Dark Side…”

Entre as suas mais fantásticas performances de estúdio estão as músicas “Echoes” (do album “Meddle”), “Shine on You Crazy Diamond” e “Welcome to the Machine” (de “Wish You Were Here”) e “A Saucerful of Secrets” (do album homônimo).

Também gravou albuns-solo e o destaque absoluto fica para o Excelente disco “Wet Dream”, de 1978.

Faleceu em 15 de setembro de 2008 com 65 anos.

Rick Van Der Linden

Multi-tecladista holandês, foi seguramente um dos mais virtuosos da história do Rock. Com seu fantástico domínio de piano, cravo e órgão deve ser enquadrado entre os baluartes dos teclados Progressivos, ao lado dos mundialmente conhecidos Keith Emerson e Rick Wakeman.

rick-der-linden-ernstig-ziek-211
Rick teve longa carreira e participou de várias grupos, mas os grandes destaques são as bandas EKSEPTION (que lhe lançou ao estrelato e com quem gravou 6 albuns) e TRACE, onde atingiu o ápice de sua criatividade e virtuosismo e por onde lançou 3 belíssimos trabalhos.

Além disso, teve extensa carreira-solo com mais de 10 lançamentos e muitas participações como convidado, tais como em discos de Jan Akkerman, Kayak, Kaz Lux e Jack Lancaster.

Faleceu em 28 de Janeiro de 2006 aos 59 anos.

Peter Bardens

Tecladista inglês, teve longa e extraordinária trajetória no universo Progressivo (e também do Blues e Rock).
Infelizmente, por uma daquelas ironias da vida, esteve longe de obter o reconhecimento merecido…

camel

Já alguns de seus ex-companheiros tornaram-se astros mundiais, tais como o cantor Rod Stewart (integraram o Shotgun Express em 1966), os futuros líderes do Fleetwood Mac, Mick Fleetwood e Peter Green (além do Shotgun Express, tocaram com Bardens no Peter B´s Looners) e o cantor Van Morrison (ambos participaram da lendária banda irlandesa THEM e nelas Peter participou de sessões de estúdio com Jimmy Page).

E mesmo na grande banda Progressiva que Bardens integrou – o CAMEL – seu imenso talento foi ofuscado pela genialidade brilhante do guitarrista Andy Latimer. No entanto, além de ter atuado brilhantemente com tecladista e vocalista, sua sensibilidade e criatividade nas composições foi extraordinária, tendo assinado sozinho obras do quilate de “Supertwister”, “Freefall”, “Mystic Queen”, “Arubaluba”, “Curiosity” e “Spirit of the Water”, além de ter dividido os créditos de praticamente todas as outras músicas dos 5 primeiros (e melhores) albuns da banda.

Além do Camel, também integrou a excelente banda Mirage e lançou diversos trabalhos solo, tantos nos início dos 70 quanto do final da década em diante.

Faleceu em 22 de Janeiro de 2002 aos 56 anos.

Claudio Fonzi

Link permanente Deixe um comentário

Som Nosso de Cada Dia

24/01/2009 at 17:55 (Matérias) ()

Uma das melhores e mais importantes bandas do Rock nacional está de volta!!

Tendo lançado um dos maiores clássicos do Rock setentista nacional – o LP “Snegs” (1974) – a banda foi fundada em São Paulo, no ano de 1971, pelos seguintes músicos:

Manito: espanhol de nascimento, é um legítimo multi-instrumentista (piano, órgão, moog, flauta, sax e violino) e já famoso pelo seu importante papel com o grupo “Os Incríveis.  No decorrer da sua carreira tocou com muitos nomes de peso, tais como Os Mutantes, Rita Lee e Camisa de Vênus na área do Rock e Roberto Carlos e Zé Ramalho na área da MPB

Pedro Baldanza: mais conhecido como PEDRÃO, o baixista e vocalista gaúcho já havia sido membro das históricas  bandas “Novos Baianos” e “Perfume Azul do Sol”, além de ter convivido e atuado com Walter Franco e Cassiano. Após o fim da banda em 1977, trabalhou com importantes nomes da MPB, tais como Ney Matogrosso, Elis Regina, Gal Costa e Sá & Guarabira

Pedrinho Batera: Um dos mais brilhantes bateristas do Rock Nacional,  trabalhou também com Luiz Melodia e Belchior, além de diversos grupos de Jazz. Infelizmente, faleceu precocemente em meados dos anos 90.

A Obra-Prima

Apesar de sua curta discografia (apenas 2 LPs e um compacto, ambos de estúdio nos anos 70 e, posteriormente, um CD ao vivo em 1994 e um CD duplo também ao vivo com registros inéditos dos anos 70), os músicos acima podem se orgulhar de terem lançado um dos mais brilhantes, criativos e empolgantes discos de Rock da América do Sul.

sncd

Som Nosso de Cada Dia – Snegs

Todas as músicas do álbum SNEGS são excelentes, mas “Sinal da Paranóia”, “Bicho do Mato”, “Massavilha” e “Dirección de Aquarius” merecem ser citadas com maior destaque.

Considerado por muitos como o mais fantástico disco de Rock Progressivo nacional, é um item absolutamente obrigatório na coleção de qualquer fã do gênero.

Gravado e mixado em 1973 em apenas 7 dias e com grande precariedade de equipamentos de estúdio, é uma das maios perfeitas demonstrações de que o realmente importa na gravação de um disco é o TALENTO.

Outra grande façanha do Som Nosso de Cada Dia foi a realização dos 5 shows de abertura da turnê de Alice Cooper no Brasil em julho de 1974.

Com Alice no auge de sua carreira, o público presente foi sempre excelente (um total superior a 130.000 pessoas), o nosso representante brazuca obteve incrível sucesso, tendo suas apresentações mais queridas e lembradas até mesmo que o próprio astro principal.

A Vida Após “Snegs” e “Alice Cooper”

Por diversas razões, mesmo com o sucesso anterior, várias mudanças de formação ocorreram (Manito saiu e vários outros foram entrando e saindo) e somente três anos depois lançaram novo disco. Infleizmente, a época já era outra e o movimento “Disco Music” assolava o mundo. Foram então obrigados a gravar músicas que se adequassem a nova realidade. Mesmo assim, tiveram uma grande idéia, que possibilitou a inclusão de  músicas do estilo Progressivo sem afetar a qualidade do álbum e sem incomodar aos fãs de estilos tão diversos.

Era lançado então o álbum “Som Nosso”, onde o Lado 1 recebeu o nome de “Sábado” e o Lado 2 de “Domingo”. O “Sábado” com sonoridade Funk, apropriada para “Os Embalos de Sábado a Noite” e o “Domingo” com músicas belamente Progressivas, perfeitas para o relaxamento e sossego de um “domingão”.

som-nosso-de-cada-dia-1976-sabado-domingo

Som Nosso de Cada Dia – Som Nosso

A idéia foi brilhante e o disco razoavelmente bem sucedido, mas, por diversas razões, a banda acabou se desfazendo. Como último suspiro,  lançaram apenas mais um compacto, mas este teve a grata realização de o título de uma de suas músicas ter inspirado o nome de uma nova banda: a BANDA BLACK-RIO, famosa e histórica  banda carioca de Funk instrumental.

P.S.: Importantíssimo ressaltar que este tipo de Funk setentista NADA, absolutamente NADA tem a ver com o “funk” existente hoje no Brasil…

Em junho de 1993 o trio original se reúne para gravar uma faixa inédita (“O Guarani”), editada como bônus no relançamento em CD do “Snegs”. Em 94 reuniram-se para 2 novos shows, que resultaram no CD “Live 94”.

As perspectivas eram excelentes, pois ambos os CDs (editados pela gravadora “Progressive Rock Worldwide”) foram bem recebidos e a imediata e positiva conseqüência foi um convite para apresentações no Japão, em um Festival de Rock Progressivo.

O destino, porém, foi cruel, com o imprevisível falecimento de Pedrinho Batera…

Nova dissolução ocorreu e desta vez parecia ser definitiva…

O Retorno em Grande Estilo

Esta surpreendente e fantástica reunião se deu pelas seguintes razões:

Por volta de 2004, surgiu no mercado fonográfico “alternativo”, um CD “Bootleg” contendo a gravação de um show realizado em setembro de 1976. O sucesso foi total, tanto entre os antigos fãs quanto entre os da nova geração, que se surpreenderam com a excepcional qualidade técnica que a banda mostrava ao vivo.

Decide-se que é chegada a hora de editar um disco ao vivo oficial: o resultado é o fantástico “A Procura da Essência – (Ao Vivo 1975-1976)”, lançado pela gravadora carioca Editio Princeps (www.editioprinceps.com).

som-nosso-de-cada-dia-a-procura-da-essencia-1975-1976-cu

Som Nosso de Cada Dia – A Procura da Essência

Este CD duplo traz, pela primeira vez, gravações ao vivo do Som Nosso de Cada Dia em seu período mais progressivo, durante os anos 70, cuidadosamente selecionadas pelos próprios músicos dentre as fitas de melhor qualidade sonora remanescentes. Além de diversas improvisações e versões estendidas de antigos clássicos, estes registros incluem versões inéditas de faixas da lendária suíte “Amazônia”, gravada pela banda em 1975 e nunca lançada integralmente.

Aproveitando as três décadas de lançamento do “Snegs” e o CD duplo ao vivo, Pedro Baldanza montou uma banda-tributo para gravar um CD chamado “O Som Nosso de Cada Dia a Dia”, mas, apesar de várias músicas terem sido gravadas, o projeto foi arquivado e não há previsão de seu lançamento.

No entanto, o conjunto dos fatores acima proporcionou uma reaproximação com Manito e em 24/04/2008 aconteceu o que a muitos parecia que jamais ocorreria novamente…

Dentro da extensa programação do extraordinário evento paulistano “Virada Cultural”, estava agendada a apresentação do SOM NOSSO DE CADA DIA para tocar o “Snegs” na íntegra!!

013

Som Nosso de Cada Dia no Show da Virada Cultural

Foto: Ludmila Santos

Dessa forma, mesmo estando programado para o lamentável horário das 3 da madrugada, da concorrência dos MUTANTES estarem se apresentando ao ar livre no mesmo horário e das pessoas terem de permanecer horas na fila (seria no Teatro Municipal, onde havia uma limitação de lugares em torno de 1.500 pessoas), a lotação foi TOTAL.

A formação dos músicos incluiu Manito (teclados, sax, flauta) e Pedro Baldanza (baixo e vocais), brilhantemente auxiliados por Marcelo Schevano (guitarra e flauta), Edson Guilardi (o mesmo baterista que tocou com o Terreno Baldio) e Fernando Cardoso (atual tecladista do Violeta de Outono, toca também na bandas Homem com Asas e Compacta Triô). Complementaram a seleção, os excelentes vocalistas Thiago Furlan e Jorge Canti.

Então, com todos os fatores acima e aliado ao fato de estar sendo no belíssimo espaço que é o Teatro Municipal, o show foi absolutamente emocionante e inesquecível.

A emoção da platéia foi intensa e indescritível, com a realização de um “sonho impossível”, tanto por parte da “Velha Guarda” quanto dos inúmeros jovens e apaixonados fãs. Todas as músicas foram enormemente celebradas, mas preciosidades como “Sinal da Paranóia” e “Bicho do Mato”, criaram um longo e extraordinário uníssono.

Agora, na sua nova apresentação, no Carnaval de 2009, no FESTIVAL PSICODÁLIA, em meio a exuberante natureza da região de São Martinho (SC), não resta dúvida que as mesmas emoções se repetirão.

INFORMAÇÕES www.psicodalia.mus.br
http://whiplash.net/materias/shows/070458-casadasmaquinas.html

Cláudio Fonzi

Link permanente 5 Comentários

RIO ART ROCK FESTIVAL 2008

29/12/2008 at 14:37 (Matérias) ()

No dia 15 de Novembro aconteceu o a 13ª edição do RIO ART ROCK FESTIVAL, um dos mais antigos e tradicionais Festivais de Rock Progressivo do mundo.

Por ele já se apresentaram verdadeiros ícones da música progressiva mundial, tais como o holandês Focus, os ingleses Nektar, Caravan e Pendragon, os italianos Le Orme e Banco Del Mutuo Soccorso e os nossos conterrâneos Sagrado Coração da Terra, Sérgio Dias, O Terço, Bacamarte, Violeta de Outono e Apocalypse.

b1

Rio Art Rock Festival: http://www.rocksymphony.com/rioartrock/

Realizado no excelente Teatro  Popular de Niterói (RJ), imponente e moderno projeto de Oscar Niemeyer, contou com a apresentação das bandas brasileiras ALPHA III e AETHER e da argentina ÜNDER LINDEN.

Curiosamente, o maior destaque ficou logo para a banda de abertura: o ALPHA III, que, apesar de seus mais de 25 anos de existência, jamais havia se apresentado no estado do Rio de Janeiro.

alpha_iii
Alpha III: http://www.myspace.com/alphaiii

Liderado pelo multi-instrumentista paulista Amyr Cantusio Jr., a banda já teve diversas formações, sendo que a atual conta com o baterista Fábio Fernandes (atuou brilhantemente no show, integra também as bandas “Lumina” e “Banda do Sol”) e o tecladista Marcelo Diniz.

Com Amyr encarregando-se de diversos teclados e dos eventuais vocais, o repertório incluiu uma breve retrospectiva de alguns dos cerca de 20 CDs e LPs (entre oficiais e extra-oficiais) já lançados pela banda.

Seguindo essencialmente a linha do Progressivo Eletrônico setentista, fizeram um apresentação excelente, com climas “viajantes” e timbres variados e belíssimos, transportando a audiência para uma verdadeira “Space Odyssey”.

O único detalhe a se lamentar foi o  tempo de apresentação  ter sido curto (cerca de 1 hora), o que, com certeza deixou um gostinho de “quero mais” em toda a platéia.

Em termos históricos gerais, o ALPHA III pode ser considerado um dos mais importantes grupos do Progressivo/Eletrônico nacional, não somente por ter surgido em um período extremamente ingrato (os anos 80) como também pela sua longa carreira e extensa discografia.

Some-se ainda o fato de ter tido alguns de seus trabalhos editados pelas importantes gravadoras FAUNUS (a pioneira no Brasil em produzir álbuns do gênero), ROCK SYMPHONY (a brasileira com maior número de lançamentos) e MELLOW RECORDS (italiana, foi uma das principais a resgatar o estilo em escala mundial).

Entre seus seus principais lançamentos estão “Sombras” (1986), “Ruínas Circulares” (1987), “The Aleph” (1989) e “The Voyage to Ixtlan” (1993)

Impossível esquecer também do magistral trabalho registrado em 1974 do grupo SPECTRO: Infelizmente, porém, nunca foi lançado oficialmente em CD ou LP e o registro que existe é apenas um CD-R estilizado. Além disso, a qualidade do áudio é baixa e o torna um item quase exclusivo dos colecionadores.

Imagina-se, porém, o quanto devem ter sido interessantes e surpreendentes os shows dessa banda na época.

AETHER: Grupo carioca constituído por Vinicius Brazil (guitarras), Alberto Curi (teclados, vocal), Fernando Carvalho (baixo) e Mario Leme (bateria), apresentaram-se em seguida. Sofreram com alguns problemas de som, mas fizeram seu show com competência, executando músicas do seu 2º e belo disco, intitulado “Inner Voyages Between our Shadows”.

aether

Aether: http://www.rockprogressivo.com.br/aether/

Infelizmente, seu tempo de show também foi curto. No entanto, por se apresentarem com mais constância no Rio, a platéia aceitou melhor o fato.

ÜNDER LINDEN: A Atração internacional da noite apresentou-se corretamente, mostrando composições instrumentais de arranjo sinfônico e repletas de belas melodias.

Criado em 2001 como trio de guitarra, baixo e bateria (Ignacio Scarsella, Jorge Dalcin e  Mario Gimeno, respectivamente), em pouco tempo tornaram-se um quarteto, com a entrada da tecladista e Gabriela Gonzalez (teclados). Em dezembro de 2003, realizam sua primeira apresentação, com Roberto Medina no violino, no festival “Sinfo-Prog La Plata”, junto às bandas Baalbek, Retsam Suriv e Hexatónica, todas da cidade de La Plata.

under-linden

Ünder Linder: http://www.under-linden.com.ar/

Algum tempo depois, Scarsella saiu e em abril de 2006 Juan Gonzalez  entrou em seu lugar.

Em fevereiro de 2007, a banda adiciona o tecladista Ezequiel Flores e no mesmo ano é editado seu 1º e excelente CD.  Levando o mesmo nome da banda, este CD foi editado pelo selo Viajero Inmóvil.

Em relação ao show, o cômputo geral foi agradável, mas algumas músicas soaram repetitivas e, mesmo possuindo belas melodias, cansaram um pouco parte da platéia, principalmente porque praticamente ninguém ainda a conhecia.

Considerações Finais

É indiscutível que o Rio Art Rock Festival está passando por um momento difícil, já tendo atingido um nível extraordinariamente alto e regredido consideravelmente.

Apesar disso e de tantas previsões fúnebres acontecidas nos último 3 anos, permaneceu ativo, em ato de grande heroísmo.

Para felicidade geral, em 2009 novamente acontecerá, já com a confirmação da fantástica banda tcheca MODRY EFEKT / BLUE EFFECT, liderada pelo genial guitarrista Radim Hladik, um dos mais brilhantes em toda a história do Progressivo mundial e com mais de 40 anos de carreira.

Será necessário, porém, que o público prestigie REALMENTE o próximo evento, não somente para assistir a esse ícone, como pelo simples fato de ser uma rara oportunidade para encontrar velhos e novos amigos para conversar sobre esse assunto tão desprezado e odiado pela mídia, chamado ROCK PROGRESSIVO.

 

Por Claudio Fonzi

Link permanente 3 Comentários

MANDALABAND – O retorno após 30 anos e Biografia

29/12/2008 at 14:11 (Matérias) (, )

No ano de comemoração de 30 anos do lançamento de seu último e belíssimo trabalho, a inesquecível banda inglesa MANDALABAND anuncia seu retorno aos estúdios.

Embora possa ser considerada como tendo sido sempre fruto dos projetos pessoais do pianista, compositor e arranjador DAVID ROHL, os 2 trabalhos por ela gravados registram alguns dos mais belos e impressionantes momentos da Música Progressiva mundial.

Os álbuns “Mandalaband” (1975) e “The Eye of Wendor: Prophecies” ( 1978 ) merecem figurar em qualquer relação de “melhores do gênero”, sendo itens absolutamente obrigatórios na coleção de qualquer apreciador de Progressivo.

man-1

Mandalaband” (1975)

 

xmandal

The Eye of Wendor: Prophecies” ( 1978 )

 

E, por incrível que pareça, em termos de qualidade e sofisticação, tudo indica que a história se repetirá, pois, da mesma forma que em “Eye of Wendor…”, David se uniu a toda uma série de astros da Música Progressiva e planeja elaborar mais uma grandiosa obra.

Serão 2 diferentes CDs, mas que, unidos, compreenderão um único contexto.
Receberão os títulos de “BC – ANCESTORS” e “AD – SANGREAL” cobrindo, respectivamente a história de algumas das civilizações do mundo antigo (Antes de Cristo) e de algumas lendas da busca ao Santo Graal (o Cálice Sagrado utilizado por Cristo durante a Ùltima Ceia).

A previsão de lançamento de “BC – Ancestors” é para o início de 2009 e “AD – Sangreal” 6 meses após.

l_3ce5ea0e3c1dc69329a8f2c242d610da

BC – Ancestors

Os principais astros já confirmados são:

Woolly Wolstenholme (vocais, piano, mellotron e teclados) – um dos líderes da banda “Barclay James Harvest”, nela atuou de 1967 a 1979, onde se tornou um dos mais importantes “mellotron players” do mundo. Ainda em 79 criou a banda “Maestoso” que, embora com curta duração naquela época, retornou com todo o gás em 2004, já tendo lançado 4 CDs. Wooly participou também de “Eye of Wendor…”

Troy Donockley (Gaitas Uilleanas, Sopros Celtas e Guitarras) – um dos expoentes do cenário Folk Britânico atual, atua constantemente também no cenário Progressivo . Integrante fixo da banda “Iona”, participou também de vários trabalhos e shows de grupos como “Mostly Autumn” e “Magenta”

Ashley Mulford (Guitarras) – antigo membro do Mandalaband original, participou do 1º álbum. Posteriormente foi para o “Sad Cafe”, “Mike & The Mechanics” etc)

Geoffrey Richardson (Viola e Violino) – um dos mais brilhantes do Progressivo nos seus instrumentos, destacou-se amplamente nos trabalhos que fez com as bandas “Caravan” e “Penguim Cafe Orchestra”. Já tocou/gravou com uma infinidade de artistas do Rock/Pop, tais como Frank Zappa, Bob Geldorf, Linda McCartney, Buzzcocks etc

Kim Turner (Bateria e Percussão) – Participou de “Eye of Wendor…” e do grupo “Maestoso”, liderado por Wooly Wolstenholme

Steve Broomhead (Guitarras) ) – Participou de “Eye of Wendor…” e do grupo “Maestoso”,

Marc Atkinson (Vocais e Guitarra Acústica) – pertence ao grupo “Riversea”

Jose Manuel Medina (Vocais, Teclados, Guitarras etc) – Pertence ao grupo “Last Knight”

Algumas músicas já podem ser ouvidas no link http://www.myspace.com/mandalaband3 .

São belíssimas e perfeitamente indicativas do quão preciosos serão os novos CDs.

Biografia

Formada em 1974, poucos grupos na História do Rock devem ter tido uma trajetória tão conturbada e repleta de acontecimentos inusitados quanto esta banda:

Seu início se deu no estúdio de gravação de David Rohl (sugestivamente nomeado com o Progressivo título de “Camel Studios”), quando, pouco a pouco, ele foi conhecendo outros músicos e afinidades foram surgindo. Assim surgiu a MANDALABAND, que logo foi contratada pela gravadora “CHRYSALIS”, uma das mais importantes da época, responsável por expoentes como Jethro Tull, UFO, Ten Years After, Procol Harum, Robin Trower, Gentle Giant e Rory Gallagher.

mandalaband-on-bench1

Da esquerda para a direita: John, Dave, Vic (atrás), Tony (na frente) e Ashley
http://profile.myspace.com/index.cfm?fuseaction=user.viewProfile&friendID=347756058

Por ordem de entrada, seus integrantes eram David Rohl (teclados), Tony Cresswell (bateria e percussão), Vic Emerson (teclados e piano), Ashley Mulford (guitarra), John Stimpson (baixo e guitarra) e David Durant (vocais), sendo que este último havia sido indicado por Ashley e John.

Ironicamente, porém, justamente seu líder e principal compositor acabou não participando das gravações do disco. Tal acontecimento se deu pelo fato de que ele desejava ser também o produtor, mas a gravadora o preteriu em prol de John Alcock, já famoso pelo seu trabalho com grupos como YARDBIRDS e THIN LIZZY.

Assim sendo, Rohl desentendeu-se com a diretoria e acabou sendo desligado do projeto. No entanto, logo após as gravações (realizadas em Julho de 1975), foi chamado de volta para remixar de acordo com o que ele havia idealizado, pois o resultado não havia agradado. Dessa forma, David retornou e, após seu brilhante serviço, o álbum foi lançado em outubro do mesmo ano.

No entanto, apesar da extraordinária qualidade do que se tornou o produto final, a divulgação foi insignificante e o álbum passou em brancas nuvens. No Brasil, curiosamente, o álbum foi lançado e sua execução na lendária rádio carioca ELDOPOP FM fez com que se tornasse “cult” no Estado do Rio de Janeiro.

Em termos musicais, todas as 5 faixas são de excelente nível, mas, o destaque vai, indiscutivelmente, para a longa suíte (20:45) “Om Mani Padme Hum”.

Como sua letra baseada no Hino Nacional Tibetano, é toda cantada neste idioma. Eu seu contexto global pode ser apreciado um dos mais belos, complexos e emocionantes arranjos vocais e orquestrais criados no Século XX.

Dividida em 4 Movimentos, após 1 minuto de intrigante introdução, inicia-se de forma absolutamente explosiva, com inúmeras vozes e instrumentos entrando literalmente “pra quebrar”. No seu decorrer, diversas variações acontecem, quase sempre para o lado sinfônico, com melodias emocionantes, ás vezes de grande suavidade, ás vezes de grande “peso” orquestral.

Todos os instrumentistas são brilhantes, mas as partes solistas de guitarra e piano extrapolam em beleza e criatividade.

Como último e fundamental destaque, a impressionante performance do vocalista David Durant, uma das vozes de mais singular timbre que já ouvi, carregada de extrema técnica e de arrebatadora emoção. Indubitavelmente, uma das mais perfeitas atuações vocais na história do Progressivo!!

Incompreensivelmente, porém, Durant foi substituído poucos meses depois (por Paul Young, futuro “Mike & the Mechanics”) e a banda se desfez. Também sem David Rohl, os outros músicos assumiram o nome de SAD CAFE.

Mais incomprensível ainda é o fato de que David Durant simplesmente DESAPARECEU, não havendo qualquer registro do que ele tenha feito após e nem sequer que ainda esteja vivo…

Apesar disso, manteve-se ligado a Chrysalis e, após algum tempo, entraram em um acordo para levar adiante um ambicioso projeto de lançamento de uma trilogia. Com temática semelhante ao hoje clássico “Senhor dos Anéis” de J.R.Tolkien, seria uma odisséia centralizada em uma bela pedra preciosa possuidora de poderes mágicos.

Outras Curiosidades

O guitarrista Ashley Mulford era o mais novo da trupe, tendo apenas 18 anos quando nela se integrou. Ainda bastante inexperiente, viu-se muito nervoso ao fazer o teste e tocar uma música chamada “Witch of Waldow Wood”. Apesar do nervosismo, saiu-se bem e imediatamente foi convidado a integrar o projeto da banda.

Obs: Uma música homônima está no futuro album “Eye of Wendor”: será a mesma??

Em pouco tempo o grupo se completou e, após assinarem contrato com a Chrysalis, foram por ela selecionados para abrir os shows de uma turnê britânica do guitarrista Robin Trower. Tudo então, encaminhava-se à perfeição, mas justamente o espírito demasiadamente jovem de Ashley logo trouxe problemas, pois além de residir em uma comunidade hippie, gostava muito de “fumar todas as ervas que o ajudassem a expandir a consciência”. Para complicar ainda mais, sua namorada engravidou e lá nasceu sua filha. Ficou completamente desnorteado com a situação e para obter dinheiro para levá-las para outro lugar, decidiu vender, nada menos, que sua única guitarra…

Para piorar ainda mais, utilizou parte do dinheiro para fumar suas tão queridas “ervas” e, quando se deu conta, estava ”hospedado” no Centro de Detenção de Buckley Hall…

Isso aconteceu justamente no meio da turnê e a banda teve que imediatamente arranjar alguém que o substituísse!!!

O convocado foi nada menos que Robert Fripp, que estava em vias de extinguir o King Crimson, mas este não aceitou o cargo por considerar as partes de guitarra “muito difíceis”…

Até que ponto esta informação é verídica não se sabe, mas o fato é que, quem teve de se desdobrar foi o tecladista Vic Emerson, que, além da já complexa tarefa que tinha (suas orquestrações eram realmente fabulosas), teve de executar as partes de guitarra com seu mini-moog.

Vic então teve imenso trabalho, mas deu conta do recado e quando foram iniciadas as gravações para o disco, realizou uma dos trabalhos mais brilhantes feitos por um tecladista. A complexidade, beleza e grandiosidade de seus arranjos para “Om Mani Padme Hum” são impressionantes, fazendo crer mesmo que há a presença de uma orquestra, notadamente a Seção de Cordas. Além dos tradicionais pianos (acústico e elétrico), orgão e moog, utilizou o clavinet e o raro clavioline, que, criado para reproduzir os sons dos intrumentos de uma orquestra, foi um dos prîmeiros teclados eletrônicos produzidos na história, mas desde o fim dos anos 60 não mais foi fabricado.

E David Rohl? O que decidiu fazer com a banda?

Retornando ao nosso líder David Rohl, devido ao insucesso quase absoluto do álbum, ele decidiu prosseguir apenas com os seus trabalhos de engenheiro de som e produtor. Inicialmente, trabalhou no estúdio Indigo Sound e lá trabalhou com nomes do peso de Thin Lizzy, Marc Bolan e Barclay James Harvest. Posteriormente, tornou-se engenheiro-chefe do estúdio Strawberry e lá trabalhou com Barclay James Harvest, Maddy Prior, Tim Hart etc

Em meados de 1976 iniciaram-se as gravações, mas, devido a vários fatores, se prolongaram por muito tempo, sendo encerradas somente 2 anos depois .

Os principais fatores foram:
– A real grandiosidade e complexidade dos arranjos idealizados, quase sempre com banda, coral e orquestra.
– A enorme quantidade de músicos e cantores que foram sendo convidados. Embora muito tenham contribuído para o fascinante resultado final, igualmente contribuiram para a morosidade da finalização de cada música
– Os horários restritos para as gravações.
Isso se deveu ao fato que, por razões financeiras, havia a necessidade de que fossem realizadas apenas nos horários que o estúdio Strawberry não estivesse sendo utilizado para seus projetos comerciais normais.

Esses fatores foram efetivamente complicadores, mas, ao mesmo tempo, David teve liberdade total, tanto em termos de criação quanto de tempo de gravação.

Aliado ao fato de possuir um enorme círculo de amigos músicos, a liberdade adquirida possibilitou convidar dezenas deles, que participaram na pura amizade, de forma totalmente gratuita.

A lista dos participantes é imensa, mas entre os de maior destaque estão os vocalistas Justin Hayward (The Moody Blues), Maddy Prior (Steeleye Span), Eric Stewart (10cc) e Paul Young (Sad Cafe e Mike & the Mechanics), o baixista Noel Redding (Jimi Hendrix Experience) e os músicos das bandas Barclay James Harvest e 10cc.
Fundamental destaque também para a “The Hallé Orchestra” e o Coral “The Gerald Brown Singers”.

O álbum recebeu o título de “The Eye of Wendor: Prophecies” e foi lançado em 12 de maio de 1978.
De extraordinária beleza e complexidade, situa-se também entre as obras mais injustiçadas da História, pois mesmo tendo obtido razoável vendagem na Inglaterra, Alemanha, Holanda, Canadá, Japão e Austrália, recebeu insignificante atenção da imprensa. Infelizmente, a época de lançamento não era favorável, pois a Disco Music assolava o mundo e a crítica especializada não possuía mais capacidade de enxergar algo positivo em uma obra Progressiva.

Por essa razão, a Chrysalis decidiu não prosseguir com a trilogia, pois mesmo o custo tendo sido pequeno para uma obra tão complexa (em torno de 8.000 libras), não restava dúvida que um 2º lançamento sairia com custo bem maior.

Com belíssima produção gráfica, “The Eye of Wendor” incluía encarte triplo colorido com todas as informações a respeito do que tratava a estória.
Ao ser editado em CD, em 1992, pela Gravadora RPM, tais informações não foram publicadas e até mesmo a capa original havia sido completamente modificada. Posteriormente, em 2004, a gravadora Eclectic Discs o reeditou com a arte original.

Em termos musicais, “The Eye of Wendor: Prophecies” é esplendoroso e mesmo não tendo uma suíte ao nível de “Om Mani Padme Hum” possui muitos momentos absolutamente encantadores e extasiantes.
Suas referências mais claras são Rick Wakeman (“Journey to the Center…” e “King Arthur”), Barclay James Harvest (“Once Again”) e Moody Blues (“Days of Future Passed”), mas com um grau de complexidade e sofisticação infinitamente maior, sendo, indiscutivelmente, uma das mais perfeitas fusões de Música Clássica Orquestrada com Rock.

Para uma audição perfeita, o ideal é se escutar a obra na sequência, exatamente como foi sua concepção, com a 1ª parte compreendendo o lado 1 (de “The Eye of Wendor” até “Dawn of a New Day”) e a 2ª parte indo de “Departure from Carthilias” até “Coronation of Damien”.

No entanto, existem 8 faixas de uma beleza de tal forma contundente que podem perfeitamente ser escutadas individualmente. Abaixo seguem seus títulos com a respectiva numeração presente no CD:

1 – The Eye of Wendor (4:47): Instrumental c/ banda e orquestra, é de grande beleza melódica e perfeita para uma trilha sonora envolvendo paisagens paradisíacas e imensidões celestes. É a única onde todos os 4 membros do Barclay James Harvest atuam juntos. Entre eles o destaque vai para a guitarra de John Lees. Marcam presença fortemente também os pianos acústicos de David Rohl e de Richie Close e a gaita uileana de Gerry Murphy

5 – Like the Wind (2:42): Composição absolutamente celestial, com destaque para a espiritual voz de Maddy Prior (que, literalmente, transporta o ouvinte para uma outra dimensão…). Belíssimos também as melodias e arranjos para o Coral e Orquestra e fulminante a atuação do baterista Kim Turner.

7 – Dawn of a New Day (4:16): Lindíssima canção, absolutamente perfeita para a voz suave de Justin Hayward que a interpreta magistralmente. Podendo ser considerada como uma das “mais lindas canções dos Moody Blues” tem seu destaque também no maravilhoso piano de D.Rohl, na angelical voz de Fiona Parker, na gaita uileana de Gerry Murphy e nos impressionantemente belos arranjos de coral e orquestra.

8 – Departure from Carthilias (3:00): Com as letras totalmente cantadas pelo incrível coral The Gerald Brown Singers, destaque também para a guitarra de Steve Broomhead e os teclados de David Rohl e Woolly Wolstenholme

10 – Witch of Waldow Wood (4:35): Para os fãs de guitarra, esta possivelmente será a preferida, com ótimos solos de Steve Broomhead e John Lees . Brilhante atuação também do vocalista Kevin Godley. Os arranjos instrumentais, como sempre, são incríveis, com diversos teclados, flauta, trumpetes, oboé etc, em absoluta riqueza de detalhes.

12 – Aenord’s Lament (1:52)

13 – Funeral of the King (1:33)

14 – Coronation of Damien (2:23)

Estas 3 últimas devem, obrigatoriamente, ser ouvidas em sequência, pois sua interligação é absoluta e formam uma mini-suíte.

Juntas constituem o ponto culminante do álbum, onde cai por terra qualquer dúvida sobre a genialidade de Rohl e a perfeição dessa obra-prima.

Os pontos a destacar são inúmeros, mas o mais fundamental é o belíssimo piano de Rohl na 1ª parte e que, em conjunto com a Orquestra de Cordas e o Coral, constitui um dos momentos mais sublimes da História do Rock Progressivo e até mesmo da música mundial.

A parte seguinte modifica bastante o contexto inicial, com a presença de belo solo de saxofone (por Phil Chapman), mas a qualidade permanece ótima.

O encerramento, porém, é novamente com qualidade extraordinária, quase ao nível da 1ª, absolutamente apoteótica e com impecável atuação do Coral

DAVID ROHL – Breve Biografia

david-rohl-strawberry-studios-1975 david-rohl-strawberry-studio-1976

 

David Rohl no Strawberry Studios em 1975 e 1976
http://profile.myspace.com/index.cfm?fuseaction=user.viewProfile&friendID=347756058

O genial mentor intelectual da “Banda Mandala” nasceu em 12/09/1950 e iniciou sua carreira musical em 1967 quando formou a banda “Sign Of Life”. Posteriormente, mudou seu nome para “Ankh”, com quem conseguiu assinar com o lendário selo Vertigo para lançar um album que seria produzido pelo DJ da BBC Tommy Vance.
No entanto, a Vertigo desistiu desta produção e provocou a separação da banda.

Decepcionado, Rohl foi estudar fotografia e entre outros serviços, foi o responsável pelas fotos internas do álbum “A Question of Balance” dos Moody Blues. Entre 1974 e 1978 sua história foi descrita no decorrer desse texto.

A partir de 1979, quando o projeto Mandalaband foi definitivamente abortado, passou a trabalhar com Woolly Wolstenholme e criar trilhas sonoras para cinema e TV.

Algum tempo depois decidiu se dedicar a uma antiga paixão infantil: o estudo das antigas civilizações humanas, a egípcia em particular.

Tornou-se então uma das maiores autoridades planetárias no assunto, já tendo publicado vários livros e produzido documentários televisivos.

Atualmente reside na Espanha e, paralelamente ao seu trabalho como Egiptólogo, desenvolve o tão aguardado novo trabalho do MANDALABAND.

david-rohl-o-egiptologo

David Rohl, o Egiptólogo
http://profile.myspace.com/index.cfm?fuseaction=user.viewProfile&friendID=347756058

 

mandalaband-estudio-na-espanha-onde-os-novos-cds-estao-sendo-gravados

MANDALABAND – Estudio na Espanha onde os novos CDs estão sendo gravados
http://profile.myspace.com/index.cfm?fuseaction=user.viewProfile&friendID=347756058

Links de referência:

http://www.bjharvest.co.uk/wendor.htm
http://www.bjharvest.co.uk/rohl.htm
http://www.myspace.com/david_rohl
http://www.alexgitlin.com/manbd.html
http://music.barnesandnoble.com/search/artistbio.asp?CTR=80082
http://www.allmusic.com/cg/amg.dll?p=amg&sql=11:d9fexq85ldhe~T1

Ouça aqui o novo trabalho do Mandalaband:

http://www.myspace.com/mandalaband3

Por Claudio Fonzi

Agradecimentos a Ana Clara MacDowell pelo auxílio na tradução de alguns textos

Link permanente 2 Comentários

Proposta Sui Generis

19/12/2008 at 12:53 (Editorial) (, )

Verifica-se no meio editorial brasileiro, a existência de diversas revistas que abordam amplamente o estilo musical ROCK, mas também uma imensa lacuna relacionada ao sub-gênero ROCK PROGRESSIVO.

Este sub-gênero possui características bastante diferentes das que normalmente se identificam como pertencentes a “Música Rock”.

Em vez de canções curtas e ritmadas, apropriadas para a dança e para a “agitação dos corpos e mentes juvenis”, observamos obras de longa duração, de grande riqueza instrumental e englobando influências estilísticas tão diversas como a Música Erudita, o Jazz, a Música Folclórica e a Mùsica Eletrônica.

Surgido na Inglaterra, no ano de 1967, é um estilo musical tão rico e variado e com tão bela e sofisticada complexidade, que já é considerada por muitos estudiosos como a “Música Clássica do Futuro”.

Ao mesmo tempo conseguiram também a façanha de atingir enorme popularidade entre os jovens, principalmente na Inglaterra, Alemanha, Itália, França, EUA e Japão, onde diversos de seus expoentes obtiveram enormes vendagens dos seus discos e centenas de vezes conseguiram lotar estádios em seus shows.

Entre os mais famosos grupos e artistas de Rock Progressivo estão os ingleses PINK FLOYD, GENESIS, YES, JETHRO TULL, RENAISSANCE e SUPERTRAMP, os norte-americanos KANSAS, os alemães KRAFTWERK e TANGERINE DREAM, o francês JEAN-MICHEL JARRE e o grego VANGELIS, sendo estes 4 últimos, notáveis representantes da corrente do chamado Progressivo Eletrônico.

No nosso Brasil, o Rock Progressivo também possui verdadeiras legiões de fãs. Estes, não somente prestigiam em massa os shows das bandas estrangeiras que aqui aportam, como pertencem também a um dos maiores mercados compradores de discos em todo o mundo.

Dessa forma, muitas bandas nacionais também adotaram o estilo, desde o início dos anos 70 até hoje. Entre elas podemos citar os paulistas OS MUTANTES, CASA DAS MÁQUINAS, SOM NOSSO DE CADA DIA, TERRENO BALDIO e VIOLETA DE OUTONO, os cariocas O TERÇO, A BOLHA, QUATERNA RÉQUIEM, BACAMARTE e TEMPUS FUGIT e os mineiros SAGRADO (e o músico Marcus Viana, famoso compositor de trilhas sonoras televisivas), SOM IMAGINÁRIO, MARCO ANTÔNIO ARAÚJO, CÁLIX e CARTOON, todas muita queridas e conceituadas, inclusive entre o público e crítica especializada estrangeira.

De fama e importância no contexto nacional e internacional também os  grupos gaúchos BIXO DA SEDA, CHEIRO DE VIDA, RAIZ DE PEDRA, POÇOS E NUVENS e APOCALYPSE, tendo este último vários CDs lançados na Europa.

Ainda na Região Sul, com grande potencial para 2009, o catarinense CASA DE ORATES e os paranaenses GOYA e SOPRO DIFUSO.

Então, analisando as informações, percebe-se facilmente a existência de um grande público para consumir esse tipo de produto e a conseqüente necessidade de uma revista específica de Rock Progressivo. Dentro dessa oportunidade, propõe-se a criação de uma revista especializada neste gênero e em todas as suas ramificações.

Equipe:

Ana Barbara Vicentin ( anabarbarav@gmail.com )

Ana Paula Vicentin ( anapaulavicentin@yahoo.com.br)

Claudio Fonzi ( renaissance.claudio@gmail.com )

Link permanente 1 Comentário